A equipa de Espanha do The Climate Reality Project Europe apresentou a profissionais do setor de turismo o Decálogo para um Futuro Verde para Espanha. Este grupo de especialistas foi composto por Lourdes Ripoll, vice-presidente de RSE da Meliá Hotels International, Meliá; Brigitte Hidalgo, diretora de operações da Weekendesk, e Cristina Moreno, responsável de Relações Públicas e Comunicação da Associação Profissional de Controladores de Tráfego Aéreo (APROCTA). Os palestrantes debateram o turismo circular e sustentável como uma ferramenta para revitalizar a economia após a desaceleração trazida pelo COVID-19. A reunião foi apresentada e moderada por Didier Lagae, CEO da consultora MARCO e Climate Leader.

O Turismo Circular é uma das 10 linhas de ação contempladas no Decálogo apresentado pela equipa espanhola do The Climate Reality Project Europe, que propõe um modelo de turismo com mais respeito pelo meio ambiente. Algumas das linhas de ação que este manifesto envolve são: dar um preço ao carbono, apoiar a produção de energia renovável, promover a mobilidade não poluente, proteger a biodiversidade, promover a agricultura sustentável, investir em água limpa, expandir a economia circular, adaptar-se a novas cidades sustentáveis e promover a produção e administração industrial sustentável.

No que diz respeito ao turismo sustentável, o Climate Reality Project Europe considera necessário propor um modelo que melhore o meio ambiente e que não seja apenas uma fonte de consumo de recursos locais e poluição. Os meios de transporte têm um papel fundamental nesta tarefa. As companhias aéreas e as companhias de navegação devem reduzir as suas emissões com motores e combustíveis mais eficientes e pagar pelas emissões que geram. Uma opção que se está a tornar cada vez mais relevante é reduzir a oferta de vôos suburbanos que podem ser substituídos pelo comboio.

Cristina Moreno, da Associação Profissional de Controladores de Tráfego Aéreo de Espanha, explicou que o setor trabalha há anos para ser mais eficiente e sustentável, apostando em iniciativas como o Plano CORSIA, uma medida projetada para compensar as emissões de CO2 da aviação, embora reconheça que a crise do COVID-19 “marcou uma reviravolta na nossa mentalidade como sociedade, porque nos fez repensar um mundo melhor”.

“Começamos o ano a acompanhar o Ministério da Transição Ecológica, porque acreditamos que há muito que fazer a curto prazo. Por um lado, temos que investir em P + D + I e promover a eficiência dos motores e o desenvolvimento de novos combustíveis. Queremos que os aviões permaneçam cheios, mas sejam mais eficientes e, acima de tudo, com rotas mais curtas que nos permitam economizar muito combustível, sendo isto a chave para alcançar o Céu Único Europeu”, enfatizou.

COMPROMISSO COM O TURISMO DE PROXIMIDADE LOCAL
A redução das emissões de carbono ocorre, em grande parte, através da promoção da mobilidade não poluente e minimizando o uso do transportes, procurando promover o turismo local. É por isso que, na Weekendesk estão comprometidos com fugas responsáveis e transformadoras, promovendo viagens curtas, cuja pegada de carbono é, segundo o portal de viagens, 12 vezes menor que a de uma longa viagem (0,04 toneladas de CO2 vs. 0, 49 toneladas de CO2).

Brigitte Hidalgo, da Weekendesk, explicou que o objetivo da agência de viagens é promover destinos a poucos quilómetros da residência dos viajantes e, principalmente, em ambientes naturais. “Antes do COVID-19, já estávamos a começar a ver essa tendência de procura de opções sustentáveis. De facto, através de estudos internos, vimos que 50% dos nossos clientes se inclinavam para esse modelo de viagem”, sublinhou. “É um momento fantástico para repensar esta situação. Esta abordagem proposta para a mudança é possível, mas precisamos de reequilibrar esse tipo de turismo”, concluiu Hidalgo.

“Não é apenas uma peça da cadeia que deve funcionar, todas as peças devem apostar no turismo sustentável”
Lourdes Ripoll, Meliá Hotels International

Lourdes Ripoll, da Meliá Hotels International, enfatizou que tudo está focado numa “mudança de mentalidade” e foi isso que permitiu que a rede de hotéis fosse considerada a mais sustentável do mundo, de acordo com a mais recente Corporate Sustainability Assessment (CSA) do SAM, que avalia as práticas de quase 5.000 empresas em todos os setores. “Não é apenas uma peça da cadeia que deve funcionar, todas as peças devem apostar no turismo sustentável”, enfatizou.

De facto, a Meliá Hotels International vinculou o seu modelo de Responsabilidade Corporativa à Agenda Internacional de 2030 (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Para a Ripoll, nesta questão da sustentabilidade “é fundamental saber que tipo de turistas queremos” e apostar na dessazonalização do turismo, expandindo a oferta para outros segmentos que podem ser atraentes para os visitantes no resto do ano. “O setor do turismo fez importantes avanços na segmentação do seu próprio portfólio, com o objetivo de prolongar a temporada e equilibrar de alguma forma esses destinos, para que nem toda a massa se concentre em alguns meses do ano”, explicou.

Álvaro Rodríguez, Coordenador Geral em Espanha do The Climate Reality Project Europe, explicou: “Estamos a enfrentar três crises simultaneamente: saúde, económica e ambiental. A rutura provocada pelo COVID-19 trouxe-nos uma oportunidade única de decidir como queremos reativar a economia. Por esse motivo, na Climate Reality, propomos 10 linhas de ação imediatas que podem mudar o nosso futuro e o dos nossos filhos para melhor”.

MUDANÇAS NA NOSSA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

65% dos espanhóis estão mais conscientes dos efeitos da luta contra as mudanças climáticas, de acordo com o último Estudo MARCO: Hábitos de Consumo pós COVID-191, preparado pela consultora MARCO. Praticamente 3 em cada 4 entrevistados a nível internacional (73,5%) valorizam a luta contra as mudanças climáticas hoje mais do que antes da crise.

Didier Lagae, CEO da MARCO, pediu à sociedade, empresas e governos que promovam uma mudança de direção que ajude a superar a crise com um modelo sustentável. “Cidades e empresas têm diante de si o desafio de se adaptar a um novo modelo voltado para a construção de turismo sustentável em todas as suas facetas e no qual todos participem como fatores-chave para impedir a deterioração do planeta e recuperar o meio ambiente”, acrescentou. .

Lagae, que além de Climate Leader é especialista em Marca País, destacou a importância de construir destinos turísticos sustentáveis como uma vantagem competitiva neste novo modelo de turismo, mudando sazonalmente e multiplicando a oferta turística.

Last modified: 30 Junho, 2020

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